A vacinação durante a gravidez protege os bebês em seus primeiros meses de vida. EFE
Em dezembro de 2023, a Argentina marcou um ponto de inflexão na prevenção de doenças respiratórias ao se tornar um dos primeiros países do mundo a incorporar a vacina bivalente pré-fusional F (RSVpreF) ao Calendário Nacional de Vacinação. Essa medida, voltada para gestantes, visa proteger os bebês nos primeiros e vulneráveis meses de vida, uma conquista que já apresenta resultados promissores.
O vírus sincicial respiratório (VSR) é a principal causa de bronquioliteuma infecção respiratória grave que afeta principalmente crianças com menos de um ano de idade. Para reduzir esse risco, uma estratégia nacional de vacinação foi implementada desde março de 2024, tendo como alvo mulheres grávidas entre 32 e 36 semanas. Essa imunização permite a transferência de anticorpos protetores para o bebê antes do nascimento.
"Após mais de 50 anos de trabalho, agora temos uma vacina que demonstrou ser eficaz em estudos clínicos. Os primeiros resultados de eficácia na vida real confirmam sua capacidade de evitar hospitalizações por bronquiolite em bebês com menos de seis meses de idade", explica o Dr. Gonzalo Pérez Marc, diretor do estudo que apoia essa estratégia.
Os anticorpos neutralizantes contra o VSR podem ser liberados pela placenta (Foto: Adobe Stock).
Um estudo multicêntrico avaliou a eficácia da vacina durante a temporada de RSV em 2024. Esse estudo analisou dados de 505 bebês com menos de seis meses de idade hospitalizados por infecções respiratórias agudas inferiores (LRTI) em 12 hospitais de seis províncias da Argentina.
Os achados mais relevantes do estudo destacam a eficácia na prevenção de hospitalizações por casos graves de ARIB em bebês de até 6 meses de idade: 73,9%.
Além disso, foram registradas três mortes associadas ao RSV, todas em bebês cujas mães não haviam recebido a vacina durante a gravidez, reforçando a importância dessa intervenção preventiva.
Um modelo para a região
A decisão de incluir essa vacina no calendário nacional não só tem um impacto positivo na saúde dos bebês argentinos, mas também posiciona o país como referência em políticas de saúde pública na região. A geração de evidências locais, como as fornecidas pelo estudo, reforça a confiança nessa estratégia e incentiva outros países a considerar sua implementação.
Nesse contexto, a introdução dessa vacina representa um avanço pioneiro na redução de hospitalizações e infecções respiratórias graves durante os primeiros meses de vida.